domingo, 24 de outubro de 2010

(U)


A primeira dose desceu como água, depois veio a segunda, a terceira, a quarta e a partir de então a bebida foi revelando seus segredos, era tudo como se meu cérebro deseja-se sair pelos ouvidos, ele saia, evaporava aos poucos e também aos poucos eu ia perdendo a noção do perigo, do ridículo e de qualquer outra coisa que fizera parte dela. Aos poucos eu flutuava, não me lembro de muita coisa, confesso, aquilo era venenoso, foi queimando tudo o que visse, passava e devastava meu organismo sem preocupar-se em não deixar vestígios do estrago que fazia e os deixou, o sapato sujo de bolo, um galo na cabeça, coisas faladas sem razão, desabafos. Talvez eu estivesse matando a mim mesma na inocência, há quem diga que o álcool é um veneno, mas naquela noite haviam coisas dentro de mim que eu precisava matar, eu as matei. Hoje posso beber tranqüila, sem preocupar-me em falar mais do que o certo, por que tudo o que era lixo, foi para a lixeira naquela noite, sem direito a reciclagem, e de tanto crer que aqueles sentimentos morreriam, já nem lembro de quais sentimentos se tratavam.

2 comentários:

  1. opaa! falou de tequila entao estamos falando a mesma lingua hauha
    bora virar uns copinhos? ;D

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  2. Adorei esse sentimento de liberdade proporcionado pela bebida. Mesmo sendo adepto do ``beber com moderação``,eu sou a favor da gente se deixar levar um pouco pelo sentimento de leveza proporcionado por isso. É bom.
    abcs

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